Thursday, April 26, 2007

Crítica de Nietzsche aos filósofos (e aos teólogos)


"A religião, dizia Hegel, é a verdade em imagens. O mesmo pode dizer-se da teologia, e muito especialmente numa época como a actual, caracterizada pelo pluralismo cultural e a fragmentariedade da verdade. Um texto de Nietzsche revela-se muito clarificador em relação a isso: “O que é, então, a verdade? Uma hoste ambulante de metáforas, metonímias e antropomorfismos” (“O Livro do Filósofo”). Os filósofos, crê Nietzsche, são “idólatras dos conceitos”, manejam “múmias conceptuais” e enganam-nos acerca do “mundo verdadeiro”. Incorrem com frequência no fideísmo da verdade, que consiste em confundir a verdade com a “sua fé”. Consequentemente, mais do que defender a verdade, o que fazem é impor as suas próprias crenças. O filósofo alemão ridiculariza dizendo que se oferecem em “holocausto pela verdade”, quando na realidade são comediantes de feira (“Crepúsculo dos ídolos”). A concepção nietzscheana da verdade e a sua crítica dos filósofos como idólatras conceptuais é extensível aos teólogos".
Juan José Tamayo, in "Nuevo paradigma teológico", 15

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