Quatro tendências na Teologias:
–Mística (Nicolau de Cusa, Mestre Eckart)
–Humanismo (Eramos de Roterdão, Marsílio Ficcino, Pico della Mirandola)
–Reformismo
–Continuação da Escolástica (chamada “via antiqua”; agora o manual é a Suma Teológica; relevo para as Escolas de Salamanca e de Coimbra, na origem do direito internacional)
Um prof. de Coimbra:
FRANCISCO SUÁREZ (1548 - 1617), jesuíta, professor da Faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra a partir de 1597. Considerado um dos mestres do direito internacional (depois de Vitória e antes de Grotius), escreveu diversos tratados, como Principatus Politicus (ed. princeps, Coimbra, 1613), De Legibus (III, 1-16), De Fide, De Bello, De iuramento fidelitatis, etc. No tratado sobre as leis aborda os temas: o principado político ou soberania popular, a lei natural, a obrigação da lei, a lei natural, o direito dos povos, a escravatura, o poder civil, a obrigação política, o juramento de fidelidade e a lei positiva canónica.
Thursday, June 14, 2007
Mundo em mudança
•Portugal conquista Ceuta (1415)
•Queda de Constantinopla (1453)
•O monge agostinho Martinho Lutero (1483-1546) afixa as 95 teses (31-10-1517)
•Inácio de Loyola (1491-1556) e os jesuítas (1540)
•Concílio de Trento e a Contra-reforma (1545-1563)
•Queda de Constantinopla (1453)
•O monge agostinho Martinho Lutero (1483-1546) afixa as 95 teses (31-10-1517)
•Inácio de Loyola (1491-1556) e os jesuítas (1540)
•Concílio de Trento e a Contra-reforma (1545-1563)
Nominalismo
Quebra-se a harmonia tomista
- Radicalização da crítica à razão (na linha de Boaventura e João Duns Escoto)
- Guilherme de Occam: só podemos conhecer o particular; os conceitos universais não passam de nomes.
- A perda de confiança na razão conduz ao fideísmo
- "Devotio moderna" e a “Imitação de Cristo”
- Caminho aberto para o empirismo
- Radicalização da crítica à razão (na linha de Boaventura e João Duns Escoto)
- Guilherme de Occam: só podemos conhecer o particular; os conceitos universais não passam de nomes.
- A perda de confiança na razão conduz ao fideísmo
- "Devotio moderna" e a “Imitação de Cristo”
- Caminho aberto para o empirismo
Boaventura (1217-1274)
As ideias do franciscano Boaventura:
- Contemplação e iluminação divina em vez do esforço racional da criatura)
- Meditação em vez de argumentação
- Oração em vez de ciência: os que pensam não rezam; os que rezam não pensam
Obra fuhndamental: “Itinerário da alma para Deus”
- Contemplação e iluminação divina em vez do esforço racional da criatura)
- Meditação em vez de argumentação
- Oração em vez de ciência: os que pensam não rezam; os que rezam não pensam
Obra fuhndamental: “Itinerário da alma para Deus”
Tomás de Aquino (1225-1274)
•Discípulo de Alberto Magno
•Influência de Aristóteles por via de: Avicena e Averróis
•Pensamento profundo e sistematizado
• “Boi mudo”
•Místico: “Foram-me reveladas coisas tais que tudo o que escrevi me parece agora inútil”
–"Summa contra gentiles" (Contra as pagãos, ateus, judeus e muçulmanos, à luz da razão natural);
- "Summa theologiae" (para principiantes em teologia!)
Resumo do pensamento de Tomás sobre Fé/Razão
•O conhecimento filosófico e religioso devem coincidir, porque a noção de que podem existir verdades contraditórias é absurda e destrói-se a si mesma. Existe um domínio do conhecimento que pode ser atingido quer filosoficamente quer através da revelação (ex.: existência de Deus); Contudo, existe um domínio mais vasto de conhecimento que apenas pode ser alcançado através da filosofia (como o conhecimento da estrutura do mundo natural) e um domínio do conhecimento apenas atingível através da revelação (ex: a encarnação e a Trindade).
•Influência de Aristóteles por via de: Avicena e Averróis
•Pensamento profundo e sistematizado
• “Boi mudo”
•Místico: “Foram-me reveladas coisas tais que tudo o que escrevi me parece agora inútil”
–"Summa contra gentiles" (Contra as pagãos, ateus, judeus e muçulmanos, à luz da razão natural);
- "Summa theologiae" (para principiantes em teologia!)
Resumo do pensamento de Tomás sobre Fé/Razão
•O conhecimento filosófico e religioso devem coincidir, porque a noção de que podem existir verdades contraditórias é absurda e destrói-se a si mesma. Existe um domínio do conhecimento que pode ser atingido quer filosoficamente quer através da revelação (ex.: existência de Deus); Contudo, existe um domínio mais vasto de conhecimento que apenas pode ser alcançado através da filosofia (como o conhecimento da estrutura do mundo natural) e um domínio do conhecimento apenas atingível através da revelação (ex: a encarnação e a Trindade).
Dois grandes tipos de teologia
Teologia monástica:
- No Mosteiro
- À volta do abade
- Campo
- “Lectio Divina”
- Meditação
- Expoente: S. Bernardo (séc. XII); Boaventura (séc. XIII)
- Grande contributo: Quádruplo sentido da Escritura:
–Literal
–Alegórico
–Moral
–Anagógico (místico)
Teologia escolástica:
- Na Catedral, ou na escola episcopal
- Bispo e ordens
- Na cidade
- “Disputatio”
- Pregação
- Expoente: Pedro Abelardo (séc. XII; sobre a o amor por Heloísa clicar); Tomás de Aquinp
- 1ª escolástica (Abelardo): justificação lógica dos enunciados da fé
- Pedro Lombardo e as “Sentenças” (quatro livros)
- Teologia manualística
- “Quaestio”
–pergunta / resposta
–problema / solução - “Disputatio” discussão entre vários mestres
- O método de S. Tomás
–Videtur quod (Parece ser que – apresentação do disparate)
•Primum (1º fundamento)
•Secundum... (2º fundamento)
–Sed contra (objecção-base)
–Dicendum quod (tese a defender)
•Ad primum (ao 1º fundamento responde-se que...)
•Ad secundum (ao 2º fundamento responde-se que...)
Santo Anselmo
•Um italiano na Inglaterra
•"Monológio" e "Proslógio"
•Argumento ontológico (“razões necessárias”)
“Mas “o ser do qual não é possível pensar nada maior” não pode existir somente na inteligência. Se, pois, existisse apenas na inteligência, poder-se-ia pensar que há outro ser existente também na realidade; e que seria maior.
Se, portanto, “o ser do qual não é possível pensar nada maior” existisse somente na inteligência, este mesmo ser, do qual não se pode pensar nada maior, tornar-se-ia o ser do qual é possível, ao contrário, pensar algo maior: o que, certamente, é absurdo.
Logo, “o ser do qual não se pode pensar nada maior” existe, sem dúvida, na inteligência e na realidade”.
•"Monológio" e "Proslógio"
•Argumento ontológico (“razões necessárias”)
“Mas “o ser do qual não é possível pensar nada maior” não pode existir somente na inteligência. Se, pois, existisse apenas na inteligência, poder-se-ia pensar que há outro ser existente também na realidade; e que seria maior.
Se, portanto, “o ser do qual não é possível pensar nada maior” existisse somente na inteligência, este mesmo ser, do qual não se pode pensar nada maior, tornar-se-ia o ser do qual é possível, ao contrário, pensar algo maior: o que, certamente, é absurdo.
Logo, “o ser do qual não se pode pensar nada maior” existe, sem dúvida, na inteligência e na realidade”.
Período Carolíngio
Grandes vultos
•Alcuíno de York - "ministro da educação de Carlos Magno"
•João Escoto Erígena
Exemplo da Disputatio (discussão - basicamente a forma de ensino da época) entre o mestre Alcuíno e o segundo filho de Carlos Magno, o jovem Pepino:
P.: O que é a areia?
•A.: O muro da terra.
•P.: O que são as ervas?
•A.: A veste da terra.
•P.: O que são os legumes?
•A.: Os amigos dos médicos, o louvor dos cozinheiros.
•P.: O que é que faz doce o amargo?
•A.: A fome.
•P.: O que é que faz com que o homem não se canse?
•A.: O lucro.
•P.: O que é o sonho dos acordados?
•A.: A esperança.
•P.: O que é a esperança?
•A.: Refrigério nos trabalhos; evento incerto.
•P.: O que é a amizade?
•A.: A igualdade das almas; a igualdade dos amigos.
• P.: O que é a fé?
•A.: A certeza das coisas não sabidas e admiráveis.
•Alcuíno de York - "ministro da educação de Carlos Magno"
•João Escoto Erígena
Exemplo da Disputatio (discussão - basicamente a forma de ensino da época) entre o mestre Alcuíno e o segundo filho de Carlos Magno, o jovem Pepino:
P.: O que é a areia?
•A.: O muro da terra.
•P.: O que são as ervas?
•A.: A veste da terra.
•P.: O que são os legumes?
•A.: Os amigos dos médicos, o louvor dos cozinheiros.
•P.: O que é que faz doce o amargo?
•A.: A fome.
•P.: O que é que faz com que o homem não se canse?
•A.: O lucro.
•P.: O que é o sonho dos acordados?
•A.: A esperança.
•P.: O que é a esperança?
•A.: Refrigério nos trabalhos; evento incerto.
•P.: O que é a amizade?
•A.: A igualdade das almas; a igualdade dos amigos.
• P.: O que é a fé?
•A.: A certeza das coisas não sabidas e admiráveis.
Idade Média
“Somos anões empoleirados nos ombros de gigantes. Assim, vemos melhor e mais longe do que eles, não porque a nossa vista seja mais aguda ou a nossa estatura mais alta, mas porque ele nos elevam até ao nível de toda a sua gigantesca altura”.
Bernardo de Chartres
Bernardo de Chartres
Patística: conclusão
•Elementos importantes da patrística:
–Relação com a Escritura
–Interesse pela vida
–Confronto com a cultura humana, especialmente filosófica (ora oposição, ora reconhecimento das sementes do Logos – pegadas do verbo no mundo criado)
–Pluralidade de orientações: autores e escolas
Os Padres da Igreja são o modelo para os teólogos.
–Relação com a Escritura
–Interesse pela vida
–Confronto com a cultura humana, especialmente filosófica (ora oposição, ora reconhecimento das sementes do Logos – pegadas do verbo no mundo criado)
–Pluralidade de orientações: autores e escolas
Os Padres da Igreja são o modelo para os teólogos.
Fim da patrística
•Ocidente: Isidoro de Sevilha (560-636).
•Obra: "Etimologias": Há etimologias de causa, como é o caso de reges (reis) que vem de regere (reger) e de recte agere (conduzir retamente); outras são de origem, como homo (homem) que provém de humus (terra); outras procedem dos contrários, como lutum (barro), o que deve ser lavado (lotum, lavando), pois o barro não é limpo; ou como lucus (bosque), que, opaco pelas sombras, tem pouca luz (luceat).
Curiosidade: há um movimento que quer que Isidoro seja o patrono da Internet.
•Oriente: João Damasceno (675-749)
–“S. Tomás do Oriente”
–Acção decisiva no combate à iconoclastia.
•Obra: "Etimologias": Há etimologias de causa, como é o caso de reges (reis) que vem de regere (reger) e de recte agere (conduzir retamente); outras são de origem, como homo (homem) que provém de humus (terra); outras procedem dos contrários, como lutum (barro), o que deve ser lavado (lotum, lavando), pois o barro não é limpo; ou como lucus (bosque), que, opaco pelas sombras, tem pouca luz (luceat).
Curiosidade: há um movimento que quer que Isidoro seja o patrono da Internet.
•Oriente: João Damasceno (675-749)
–“S. Tomás do Oriente”
–Acção decisiva no combate à iconoclastia.
Severino Boécio
•Transmissão das obras de Aristóteles
•Plano de estudos das artes liberais que ptontificará na Idade Média
– trivium: gramática, retórica e dialéctiva
– quatrivium: aritmética, geometria, astronomia e música
•Plano de estudos das artes liberais que ptontificará na Idade Média
– trivium: gramática, retórica e dialéctiva
– quatrivium: aritmética, geometria, astronomia e música
Uma mudança trágica em Agostinho
Em Santo Agostinho opera-se uma mudança que terá consequências trágicas na história da Igreja. Primeiro, considera que não se deve usar a força para obrigar alguém a acreditar. Numa segunda fase, esse uso é legitimado.
Em 392 era assim (Carta 23)
Farei, assim compreender aos meus ouvintes que o meu objectivo não é forçar os homens a abraçarem contra a sua vontade uma comunhão qualquer, mas é dar a conhecer a verdade àqueles que a procuram pacificamente. Assim como do nosso lado cessará o terror das armas temporais, que cesse do vosso o terror da chusma dos circumcelliones [trabalhadores agrícolas que serviam de tropas de choque aos donatistas].
Ocupemo-nos da coisa em si, ajamos com a nossa razão, com a autoridade das divinas Escrituras, peçamos, busquemos, batamos, na paz e na tranquilidade, para que encontremos e a porta nos seja aberta.
Em 417 já é assim (Carta 185)
Existe uma perseguição injusta, a que os ímpios fazer à Igreja de Cristo; e uma perseguição justa, a que as Igrejas de Cristo fazem aos ímpios (...). A Igreja persegue por amor, os ímpios por crueldade (...). Se, em virtude do poder que Deus lhe conferiu, em tempo oportuno, por meio dos reis religiosos e fiéis, a Igreja força a entrar no seu seio aqueles que encontra por caminhos e valados, entre cismas e heresias, que esses não se lamentem de ser forçados, mas pensem para onde são levados. O banquete de Cristo é a unidade do Cristo de Cristo (...).
(Comentário à parábola do banquete, em que “convida-os a entrar” é interpretado como “obriga-os a entrar”).
Em 392 era assim (Carta 23)
Farei, assim compreender aos meus ouvintes que o meu objectivo não é forçar os homens a abraçarem contra a sua vontade uma comunhão qualquer, mas é dar a conhecer a verdade àqueles que a procuram pacificamente. Assim como do nosso lado cessará o terror das armas temporais, que cesse do vosso o terror da chusma dos circumcelliones [trabalhadores agrícolas que serviam de tropas de choque aos donatistas].
Ocupemo-nos da coisa em si, ajamos com a nossa razão, com a autoridade das divinas Escrituras, peçamos, busquemos, batamos, na paz e na tranquilidade, para que encontremos e a porta nos seja aberta.
Em 417 já é assim (Carta 185)
Existe uma perseguição injusta, a que os ímpios fazer à Igreja de Cristo; e uma perseguição justa, a que as Igrejas de Cristo fazem aos ímpios (...). A Igreja persegue por amor, os ímpios por crueldade (...). Se, em virtude do poder que Deus lhe conferiu, em tempo oportuno, por meio dos reis religiosos e fiéis, a Igreja força a entrar no seu seio aqueles que encontra por caminhos e valados, entre cismas e heresias, que esses não se lamentem de ser forçados, mas pensem para onde são levados. O banquete de Cristo é a unidade do Cristo de Cristo (...).
(Comentário à parábola do banquete, em que “convida-os a entrar” é interpretado como “obriga-os a entrar”).
As heresias que Agostinho combateu
•Maniqueísmo - Filosofia religiosa sincrética e dualística ensinada pelo profeta persa Mani (210-276 d.C.) combinando elementos do zoroastrismo, cristianismo e gnosticismo. Segundo esta corrente, tudo resulta da oposição dos princípios do bem e do mal. A matéria é intrinsecamente má e o espírito intrinsecamente bom.
•Donatismo, de Donato (bispo de Cartago, 355). Eram rigoristas. Achavam que os baptismos e ordenações concedidos por padres e bispos indignos eram inválidos (a questão dos lapsi). Tinham uma concepção mais peumática da Igreja e dos sacramentos.
•Pelagianismo, de Pelágio (leigo inglês, início do séc. V). Atribui grande importância à vontade e à liberdade humanas, suficientes para a salvação. Para ele, a responsabilidade pessoal e as obras eram decisivas (dispensa Cristo). Recusa a ideia de pecado original.
•Donatismo, de Donato (bispo de Cartago, 355). Eram rigoristas. Achavam que os baptismos e ordenações concedidos por padres e bispos indignos eram inválidos (a questão dos lapsi). Tinham uma concepção mais peumática da Igreja e dos sacramentos.
•Pelagianismo, de Pelágio (leigo inglês, início do séc. V). Atribui grande importância à vontade e à liberdade humanas, suficientes para a salvação. Para ele, a responsabilidade pessoal e as obras eram decisivas (dispensa Cristo). Recusa a ideia de pecado original.
Santo Agostinho - 2
•Obras mais importantes
–397-491 "Confissões"
–399-419 "De Trinitate"
–413-425 "De Civitate Dei"
–428 "Retracções"
•Principais temas da sua reflexão
–Tempo, linguagem, Trindade, livre arbítrio, Deus e a história humana, fé e razão, a salvação, o pecado, a graça
–Combate o maniqueísmo, o donatismo e o pelagianismo
–Fé e razão: “Intellige ut credas” e “Crede ut intelligas”
–Teologia simbólica
–397-491 "Confissões"
–399-419 "De Trinitate"
–413-425 "De Civitate Dei"
–428 "Retracções"
•Principais temas da sua reflexão
–Tempo, linguagem, Trindade, livre arbítrio, Deus e a história humana, fé e razão, a salvação, o pecado, a graça
–Combate o maniqueísmo, o donatismo e o pelagianismo
–Fé e razão: “Intellige ut credas” e “Crede ut intelligas”
–Teologia simbólica
Santo Agostinho
•Nasce em 354, em Tagaste, Numídia (Argélia)
• Influenciado por Platão, Cícero e Plotino
• Rejeitou o cristianismo em jovem, passou pelo maniqueísmo (Mani, séc. III), cai no cepticismo, adere ao platonismo
•Converte-se ao cristianismo depois de conhecer Ambrósio de Milão
•A sua mãe chama-se Mónica, o seu pai Patrício, o seu filho Adeodato
•É baptizado em 387, padre em 391, bispo de Hipona em 395
•Morre no dia 28 de Agosto de 430, dias antes de os Vândalos invadirem Hipona
Imagem: Pormenor da Conversão de S.Agostinho, de Fra Angelico
• Influenciado por Platão, Cícero e Plotino
• Rejeitou o cristianismo em jovem, passou pelo maniqueísmo (Mani, séc. III), cai no cepticismo, adere ao platonismo
•Converte-se ao cristianismo depois de conhecer Ambrósio de Milão
•A sua mãe chama-se Mónica, o seu pai Patrício, o seu filho Adeodato
•É baptizado em 387, padre em 391, bispo de Hipona em 395
•Morre no dia 28 de Agosto de 430, dias antes de os Vândalos invadirem Hipona
Imagem: Pormenor da Conversão de S.Agostinho, de Fra Angelico
Wednesday, June 13, 2007
História da Teologia - Os Grandes Padres
Padres do Oriente ("Gregos")
Atanásio (contra arianos; bispo de Alexandria em 328)
Basílio de Cesareia (monta uma cidade de urgência, o primeiro hospital; "Tratado sobre o Espírito Santo")
Gregório Nazianzeno (bispo de Constatinopla, cargo que deixa perante a contestação)
Gregório de Nissa (irmão de Basílio, casado; "Tratado da Virgindade")
João Crisóstomo (“Boca de Ouro”; vive primeiro em Antioquia, depois é bispo de Constantinopla)
Cirilo de Jerusalém
Cirilo de Alexandria
Padres do Ocidente (ou Latinos)
Hilário de Poitiers
Ambrósio (governador de Milão, bispo de Milão; autor de hinos)
Jerónimo (oriundo da Dalmácia, estuda em Roma; retira-se para Belém; consagra-se à Escritura - Vulgata)
Agostinho (Confissões, Cidade de Deus, Sobre a Trindade)
Leão Magno (Papa, 440-461)
Gregório Magno (Papa, 590-506)
(a negrito os "quatro maiores" do Oriente e do Ocidente)
Atanásio (contra arianos; bispo de Alexandria em 328)
Basílio de Cesareia (monta uma cidade de urgência, o primeiro hospital; "Tratado sobre o Espírito Santo")
Gregório Nazianzeno (bispo de Constatinopla, cargo que deixa perante a contestação)
Gregório de Nissa (irmão de Basílio, casado; "Tratado da Virgindade")
João Crisóstomo (“Boca de Ouro”; vive primeiro em Antioquia, depois é bispo de Constantinopla)
Cirilo de Jerusalém
Cirilo de Alexandria
Padres do Ocidente (ou Latinos)
Hilário de Poitiers
Ambrósio (governador de Milão, bispo de Milão; autor de hinos)
Jerónimo (oriundo da Dalmácia, estuda em Roma; retira-se para Belém; consagra-se à Escritura - Vulgata)
Agostinho (Confissões, Cidade de Deus, Sobre a Trindade)
Leão Magno (Papa, 440-461)
Gregório Magno (Papa, 590-506)
(a negrito os "quatro maiores" do Oriente e do Ocidente)
Heresias e concílios
Referências para um estudo mais aprofundado:
Niceia I – 325: Divindade do Filho, proclamada contra Ario.
Constantinopla I – 381: Divindade do Espírito Santo.
Éfeso – 431: Maternidade divina (contra Nestório, que dizia que em Cristo há duas pessoas, a divina e a humana).
Calcedónia – 451: Duas naturezas na pessoa única de Cristo (conta o monofisismo de Eutiques, que dizia que em Cristo há uma natureza, a divina).
Constantinopla II – 552: Condenação dos representantes mais significativos dos Nestorianos.
Constantinopla III - 680-681: Condenação do monotelismo, que dizia que em Cristo há duas naturezas, uma vontade (a divina).
Niceia I – 325: Divindade do Filho, proclamada contra Ario.
Constantinopla I – 381: Divindade do Espírito Santo.
Éfeso – 431: Maternidade divina (contra Nestório, que dizia que em Cristo há duas pessoas, a divina e a humana).
Calcedónia – 451: Duas naturezas na pessoa única de Cristo (conta o monofisismo de Eutiques, que dizia que em Cristo há uma natureza, a divina).
Constantinopla II – 552: Condenação dos representantes mais significativos dos Nestorianos.
Constantinopla III - 680-681: Condenação do monotelismo, que dizia que em Cristo há duas naturezas, uma vontade (a divina).
Duas escolas e correntes teológicas
Destacam-se duas escolas :
Escola de Alexandria, destinada a preparar os catecúmenos e transformada em escola superior de filosofia e teologia. Mestres ilustres Clemente de Alexandria e Orígenes.
- Platonismo, simbolismo, mística, sentido alegórico da Escrituras.
Escola de Antioquia (Síria)
Escola de exegese que procura o sentido histórico ou literal
- séc. IV e V: Diodoro de Tarso; Teodoro de Mopsuéstia; João Crisóstomo, Teodoreto de Ciro.
Escola de Alexandria, destinada a preparar os catecúmenos e transformada em escola superior de filosofia e teologia. Mestres ilustres Clemente de Alexandria e Orígenes.
- Platonismo, simbolismo, mística, sentido alegórico da Escrituras.
Escola de Antioquia (Síria)
Escola de exegese que procura o sentido histórico ou literal
- séc. IV e V: Diodoro de Tarso; Teodoro de Mopsuéstia; João Crisóstomo, Teodoreto de Ciro.
Orígenes
Orígenes (185-254)
- o maior pensador cristão antes de Agostinho
- de cultura helenística, neoplatónica
- nova linguagem, ousada
- leitura crítica da escritura
- a filosofia tem uma função propedêutica
- aplica ao estudo da escritura as tipologias, o sentido espiritual, as alegorias
- imaginação ao serviço do fervor cristão.
Exemplo do sentido espiritual de uma passagem de Lucas (10,30-37)
“Certo homem descia de Jerusalém para Jericó”. Vemos, neste homem, Adão, o homem e o seu verdadeiro destino, a queda que se seguiu à desobediência; “Jerusalém” é o paraíso ou a Jerusalém, celeste, e “Jericó” é o mundo; os “ladrões” representam as potências hostis, os demónios ou esses falsos doutores que chegaram antes de Cristo; as “chagas”, a desobediência e o pecado; o “roubo dos vestidos” figura o despojamento da incorruptibilidade e da imortalidade, como também de todas as virtudes; “o homem abandonado meio-morto” simboliza o estado actual da nossa natureza que se tornou meio mortal (a alma, de facto, é imortal); o “sacerdotes” é a Lei; o “levita”, a profecia; o “Samaritano” é cristo que tomou carne no seio da Virgem Maria; o “vinho” é a palavra do Seu ensinamento (que cura “reconciliando”); o “azeite” é a palavra de benevolência para com os homens e de compassiva misericórdia; o “albergue” é a Igreja; o “estalajadeiro” representa os Apóstolos e os seus sucessores, os bispos e os doutores da Igreja (...); o “regresso do Samaritano” é a segunda manifestação de Cristo.
Orígenes, in “Homilias sobre Lucas”
- o maior pensador cristão antes de Agostinho
- de cultura helenística, neoplatónica
- nova linguagem, ousada
- leitura crítica da escritura
- a filosofia tem uma função propedêutica
- aplica ao estudo da escritura as tipologias, o sentido espiritual, as alegorias
- imaginação ao serviço do fervor cristão.
Exemplo do sentido espiritual de uma passagem de Lucas (10,30-37)
“Certo homem descia de Jerusalém para Jericó”. Vemos, neste homem, Adão, o homem e o seu verdadeiro destino, a queda que se seguiu à desobediência; “Jerusalém” é o paraíso ou a Jerusalém, celeste, e “Jericó” é o mundo; os “ladrões” representam as potências hostis, os demónios ou esses falsos doutores que chegaram antes de Cristo; as “chagas”, a desobediência e o pecado; o “roubo dos vestidos” figura o despojamento da incorruptibilidade e da imortalidade, como também de todas as virtudes; “o homem abandonado meio-morto” simboliza o estado actual da nossa natureza que se tornou meio mortal (a alma, de facto, é imortal); o “sacerdotes” é a Lei; o “levita”, a profecia; o “Samaritano” é cristo que tomou carne no seio da Virgem Maria; o “vinho” é a palavra do Seu ensinamento (que cura “reconciliando”); o “azeite” é a palavra de benevolência para com os homens e de compassiva misericórdia; o “albergue” é a Igreja; o “estalajadeiro” representa os Apóstolos e os seus sucessores, os bispos e os doutores da Igreja (...); o “regresso do Samaritano” é a segunda manifestação de Cristo.
Orígenes, in “Homilias sobre Lucas”
Ireneu e o Gnosticismo
Ireneu de Lião
“Segundo Marcião [gnóstico que distinguia o Deus do AT, criador e mau, do Deus de Amor do NT], não haverá salvação senão para as almas que tiverem aceitado o seu ensinamento; quanto ao corpo, como veio da terra, não pode participar da salvação”.
Ireneu de Lião, in "Contra as Heresias"
O que é gnosticismo
- Origens: religiões da Pérsia, masdaísmo, neoplatonismo
- Gnosticismo cristão: Valentino, Basílides, Marcião
- Conceitos comuns às gnoses: dualismo (Deus bom opõe-se a Deus mau e o mundo material ao Criador); o mundo foi criado por emanação e é uma degradação; o mediador traz a salvação através do conhecimento que liberta as almas prisioneiras da matéria para se unir ao divino; desvalorização do corpo (mas, por vezes, exacerbação do corpo).
Outro nome que se destaca neste período: Ireneu de Lião (130-200)– “Pai da ortodoxia cristã”, “Pai da dogmática”, escreveu contra o gnosticismo e a favor da tradição (que é pública, única e pneumática). Obras: Contra as heresias; Demonstração do ensino apostólico. Note-se que a tradição católica sempre soube da existência de um "Evangelho de Judas" graças aos escritos de Ireneu, que o cita. Segundo a tradição, Ireneu, que era natural de Esmirna (Turquia), foi discípulo de Policarpo de Esmirna, que foi discípulo do apóstolo João, que foi discípulo de Jesus.
“Segundo Marcião [gnóstico que distinguia o Deus do AT, criador e mau, do Deus de Amor do NT], não haverá salvação senão para as almas que tiverem aceitado o seu ensinamento; quanto ao corpo, como veio da terra, não pode participar da salvação”.
Ireneu de Lião, in "Contra as Heresias"
O que é gnosticismo
- doutrina que afirmava que a fé ensinada pela Igreja não era mais do que um simbolismo para os simples, pois não são capazes de compreender coisas difíceis; pelo contrário, os iniciados, os intelectuais – chamados gnósticos – poderiam compreender o que se escondia detrás destes símbolos e desde modo formariam um cristianismo de elite, intelectualista (Bento XVI, 28-03-07)
- Origens: religiões da Pérsia, masdaísmo, neoplatonismo
- Gnosticismo cristão: Valentino, Basílides, Marcião
- Conceitos comuns às gnoses: dualismo (Deus bom opõe-se a Deus mau e o mundo material ao Criador); o mundo foi criado por emanação e é uma degradação; o mediador traz a salvação através do conhecimento que liberta as almas prisioneiras da matéria para se unir ao divino; desvalorização do corpo (mas, por vezes, exacerbação do corpo).
- Escritos gnósticos: Evangelho de Judas; Evangelho de Tomé; Evangelhos de Nag Hammadi, entre muitos outros.
Tertuliano e alguns textos
Tertuliano introduz o termo "trinitas" (trindade). Advogado convertido ao cristianismo.
Grande pensador. Dele é esta frase constantemente citada: "O sangue dos mártires é semente de novos cristãos".
“Fora todas as tentativas de elaborar um cristianismo enfeitado com os elementos procedentes do estoicismo, do platonismo e da dialéctica! Não temos necessidade de discussões intrincadas, porque temos Jesus cristo: nem temos curiosidade, porque temos o Evangelho. Possuindo a nossa fé, não desejamos nenhuma outra ciência”
In “Prescrição contra os hereges”
“Será permitido ao cristão viver de espada na mão, quando o Senhor afirmou que quem se servir da espada morrerá pela espada? Há-de ir ao combate o filho da paz, ao qual está mesmo interdita a disputa? (...) Há-de fazer guarda diante dos templos aos quais renunciou? (...) Há-de levar o estandarte rival de Cristo?
In “A Coroa dos Militares”
Grande pensador. Dele é esta frase constantemente citada: "O sangue dos mártires é semente de novos cristãos".
Aderiu ao montanismo.
Montanismo (de Montano, padre da Ásia Menor que chega a intitular-se o "Paráclito" prometido por Jesus): movimento herético cristão, surgido na segunda metade do séc. II. Esperavam o iminente regresso de Cristo à terra, pelo que viviam com o mais rigoroso ascetismo. Davam mais valor aos profetas carismáticos do que aos bispos. Importante presença feminina no movimento.
Tertuliano, no início pensa que os pecados graves podem ser perdoados uma vez na vida. Quando adere à seita, considera que alguns, como o adultério, jamais poderão ser perdoados em vida.
Tertuliano, no início pensa que os pecados graves podem ser perdoados uma vez na vida. Quando adere à seita, considera que alguns, como o adultério, jamais poderão ser perdoados em vida.
“Fora todas as tentativas de elaborar um cristianismo enfeitado com os elementos procedentes do estoicismo, do platonismo e da dialéctica! Não temos necessidade de discussões intrincadas, porque temos Jesus cristo: nem temos curiosidade, porque temos o Evangelho. Possuindo a nossa fé, não desejamos nenhuma outra ciência”
In “Prescrição contra os hereges”
“Será permitido ao cristão viver de espada na mão, quando o Senhor afirmou que quem se servir da espada morrerá pela espada? Há-de ir ao combate o filho da paz, ao qual está mesmo interdita a disputa? (...) Há-de fazer guarda diante dos templos aos quais renunciou? (...) Há-de levar o estandarte rival de Cristo?
In “A Coroa dos Militares”
História da Teologia - Patrística 2
Por "Padres da Igreja" pode-se designar todos os pensadores cristãos dos primeiros séculos. São os pais da Igreja (como há os pais na nação, os pais fundadores, os pais da democracia...). Mas alguns preferem introduzir precisões.
Escritores eclesiásticos
Assim, aos que não são plenamente ortodoxos, seguindo S. Jerónimo, chamamos "escritores eclesiásticos". É o caso de Tertuliano, Orígenes ou Eusébio de Cesareia. Curiosamente, todos eles muito mais importantes que muitos verdadeiros Padres da Igreja.
Padres apostólicos
Aos mais antigos dos Padres da Igreja, chamamos padres apostólicos. Escrevem para as suas comunidades, tentando resolver problemas das comunidades. São já teólogos? Não têm pretensões doutrinais. São dos testemunhos mais antigos da fé cristã. Ligação da primeira geração pós-postólica à Igreja apostólica: Clemente Romano, Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna, Papias, Hermas.
Padres apologetas
Partir do séc. II surgem alguns que responde a calúnias. Tentam defender o cristianismo e apresentar a essência da nova fé. São os padres apologetas, mediadores entre o cristianismo e cultura helenística. São pagãos, intelectuais e filósofos que se convertem: Aristides, Justino: e a sua "Apologias" (dirige-se aos pagãos) e o "Diálogo com Trifão" (dirige-se a um grego), Taciano, o Sírio e o "Discurso aos gregos"; Atenágoras; Teófilo de Alexandria; Minúcio Félix e o "Diálogo com Octávio", Tertuliano.
Estes pensadores cristãos estão na Palestina, no Norte de África (Cartago e Alexandria são centros culturais ao nível de Roma e Antioquia), na Ásia Menor, em Roma e na Grécia.
Escritores eclesiásticos
Assim, aos que não são plenamente ortodoxos, seguindo S. Jerónimo, chamamos "escritores eclesiásticos". É o caso de Tertuliano, Orígenes ou Eusébio de Cesareia. Curiosamente, todos eles muito mais importantes que muitos verdadeiros Padres da Igreja.
Padres apostólicos
Aos mais antigos dos Padres da Igreja, chamamos padres apostólicos. Escrevem para as suas comunidades, tentando resolver problemas das comunidades. São já teólogos? Não têm pretensões doutrinais. São dos testemunhos mais antigos da fé cristã. Ligação da primeira geração pós-postólica à Igreja apostólica: Clemente Romano, Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna, Papias, Hermas.
Padres apologetas
Partir do séc. II surgem alguns que responde a calúnias. Tentam defender o cristianismo e apresentar a essência da nova fé. São os padres apologetas, mediadores entre o cristianismo e cultura helenística. São pagãos, intelectuais e filósofos que se convertem: Aristides, Justino: e a sua "Apologias" (dirige-se aos pagãos) e o "Diálogo com Trifão" (dirige-se a um grego), Taciano, o Sírio e o "Discurso aos gregos"; Atenágoras; Teófilo de Alexandria; Minúcio Félix e o "Diálogo com Octávio", Tertuliano.
Estes pensadores cristãos estão na Palestina, no Norte de África (Cartago e Alexandria são centros culturais ao nível de Roma e Antioquia), na Ásia Menor, em Roma e na Grécia.
História da Teologia - Patrística 1
O período da Patrística desenrola-se até ao séc. VII, embora o período de ouro sejam os séc. III-V. O que mais condiciona o cistianismo nesta época é a transição do judaísmo para o ambiente cultural grego, a conquista espiritual do Império Romano e a progressiva separação entre Latinos e Gregos.
Ao longo deste tempo, a liberdade de culto para os judeo-cristãos tem várias nuances. Por um lado, sempre o judaísmo foi entendido com uma excepção e, por isso, tolerado no Império. Com os cristãos, tudo indica que no início assim foi, mas a partir do ano 60, com o Imperador Nero, começam as perseguições. Em 313 surge com Constantino a liberdade de consciência e liberdade para todos os cultos. Em 356, Constâncio proíbe sacrifícios e fecha templos pagãos, mas com grande tolerância. Em 361-363, regressa o paganismo com Juliano (que ficou conhecido como "o Apóstata") (a propósito de Juliano, vale a pena ler como Bento XVI a ele se refere. Ver número 24 de Deus Caritas Est). Em 380, com Teodósio, o cristianismo torna-se religião oficial e obrigatória. Em relativamente pouco tempo, de perseguidos, os cristãos passarão a perseguidores. (Nesta questão, como em todas, convém não fazer juízos apressados e tentar perceber como a união de culto era entendida como fundamental para a união do Estado.)
A teologia reflecte este contexto. Numa fase de cristãos em minoria confronta-se com a cutlura grega e surgem os apologistas. Quando o cristianismo é maioritário (mesmo sem ainda perseguir), surge a teologia mais contemplativa, a par com as correntes monásticas (ainda apenas na origem) e de espiritualidade do deserto.
Ao longo deste tempo, a liberdade de culto para os judeo-cristãos tem várias nuances. Por um lado, sempre o judaísmo foi entendido com uma excepção e, por isso, tolerado no Império. Com os cristãos, tudo indica que no início assim foi, mas a partir do ano 60, com o Imperador Nero, começam as perseguições. Em 313 surge com Constantino a liberdade de consciência e liberdade para todos os cultos. Em 356, Constâncio proíbe sacrifícios e fecha templos pagãos, mas com grande tolerância. Em 361-363, regressa o paganismo com Juliano (que ficou conhecido como "o Apóstata") (a propósito de Juliano, vale a pena ler como Bento XVI a ele se refere. Ver número 24 de Deus Caritas Est). Em 380, com Teodósio, o cristianismo torna-se religião oficial e obrigatória. Em relativamente pouco tempo, de perseguidos, os cristãos passarão a perseguidores. (Nesta questão, como em todas, convém não fazer juízos apressados e tentar perceber como a união de culto era entendida como fundamental para a união do Estado.)
A teologia reflecte este contexto. Numa fase de cristãos em minoria confronta-se com a cutlura grega e surgem os apologistas. Quando o cristianismo é maioritário (mesmo sem ainda perseguir), surge a teologia mais contemplativa, a par com as correntes monásticas (ainda apenas na origem) e de espiritualidade do deserto.
Friday, May 18, 2007
PAD - tradução
UNIDADE DIDÁCTICA 1
Exercício 1
Defina e relacione estes três termos: fé, revelação, teologia
Exercício 2
Exponha o significado de fé para o Novo Testamento
Exercício 3
“Na decisão de fé, o crente não pode renunciar às exigências fundamentais da sua liberdade humana, que o proíbem de tomar ou manter esta decisão fundamental sem conhecer suficientemente as razões que a justificam; deve, pois, poder discernir se o seu chamamento à fé é uma persuasão meramente subjectiva (uma ilusão) ou antes uma realidade. Para isso, precisa dos “signos” que manifestem a origem divina do cristianismo e de um conhecimento dos mesmos. Mas o acto de fé não é a conclusão de uma demonstração racional. Acto de fé é um mistério para o próprio crente, um mistério vivido por ele na decisão específica da fé: o crente sente que vive em comunhão de vida e diálogo pessoal com Deus. É o encontro do mistério do Absoluto como palavra e graça com o mistério do homem e como resposta e entrega de si mesmo” (Juan Alfaro, Revelación cristiana, fé e teologia).
1. Responda a estas perguntas:
a) Podemos afirmar, partindo deste texto, que a fé não precisa da razão? Porquê?
b) Significado da expressão: “o acto de fé não é a conclusão de uma demonstração racional”.
c) Defina “revelação” e “fé”, segundo este texto.
2. Compare este texto com a afirmação da Dei Verbum, 5: “Pela fé, o ser humano entrega-se total e livremente a Deus, e oferece-lhe a homenagem da sua inteligência e da sua vontade, concordando livremente com a sua revelação”.
UNIDADE DIDÁCTICA 2
Exercício 1
Defina os seguintes conceitos, usando expressões pessoais.
* Padres da Igreja
* Neoplatonismo
* Quaestio
* Teologia da Cruz
* Modernismo
Exercício 2
Exponha de forma sintética as características da teologia monástica e da teologia escolástica, referindo os seus principais representantes.
Exercício 3
Leia os seguintes textos do Vaticano II: Lumen gentium, 25; Dei Verbum, 2-4; Gaudium et Spes, 57,62; Christus Dominus, 13; Optatam totius, 15,16; Unitatis redintegratio, 10,11.
1. Realce ideia ou ideias que considere mais importantes em cada uma deles.
2. Assinale as alíneas ou pontos das Unidades Didácticas em que se encontram recolhidas, directa ou indirectamente, estas afirmações do II Concílio do Vaticano.
UNIDADE DIDÁCTICA 3
Exercício 1
Defina os seguintes conceitos, utilizando expressões pessoais:
* Canon
* Lugares teológicos
* Magistério
* Apologética
* Teologia Pastoral
Exercício 2
Exponha brevemente o significado de tradição apostólica e tradição eclesial.
Exercício 3
“A teologia é um serviço desinteressado que se presta à comunidade dos fiéis. Por isso, inclui como elementos essenciais o debate objectivo, o diálogo fraternal, a sinceridade e a disposição para a mudança de opiniões próprias.
O fiel tem direito a saber porque persevera na fé. A teologia deve mostrar ao ser humano onde tem o seu fundamento último. Por isso, recebeu a Igreja o espírito da verdade. O magistério existe para testemunhar a verdade da palavra de Deus, sobretudo quanto está ameaçada de deformações e mal-entendidos. Neste contexto, há que ter em conta, igualmente, a infalibilidade do magistério eclesial. A Igreja deve ser muito humilde e, por outro lado, estar certa de possuir aquela verdade, aquela doutrina sobre a fé e os costumes que recebeu de Cristo, o qual a dotou do dom da infalibilidade neste âmbito. É certo que a infalibilidade ocupa um lugar menos central na hierarquia das verdades, mas é, de certo modo, a chave dessa certeza com que se professa e se anuncia a fé, e também da vida e da conduta dos fiéis. Quando este princípio básico cambaleia ou é destruído, começam a dissolver-se as verdades mais elementares da nossa fé. O amor à Igreja concreta, que comporta a fidelidade ao testemunho de fé e ao magistério eclesial, não é impedimento para o labor do teólogo nem o priva em absoluto da sua autonomia irrenunciável” (João Paulo II, Discurso aos teólogos em Altötting, Alemanha, 18-11-1980).
1. Refira as ideias fundamentais do texto.
2. Responda a estas perguntas:
a) Que função atribui João Paulo II à infalibilidade?
b) Por que correm perigo as verdades da nossa fé ao pôr-se em questão a infalibilidade?
3. Relacione estas ideias com o que estudou sobre “magistério e teologia”
Exercício complexivo
1. Leia com atenção os números 92-108 da encíclica Fides et ratio e faça um breve resumo que recolha as ideias fundamentais.
2. Compare com o que aprendeu no manual.
Exercício 1
Defina e relacione estes três termos: fé, revelação, teologia
Exercício 2
Exponha o significado de fé para o Novo Testamento
Exercício 3
“Na decisão de fé, o crente não pode renunciar às exigências fundamentais da sua liberdade humana, que o proíbem de tomar ou manter esta decisão fundamental sem conhecer suficientemente as razões que a justificam; deve, pois, poder discernir se o seu chamamento à fé é uma persuasão meramente subjectiva (uma ilusão) ou antes uma realidade. Para isso, precisa dos “signos” que manifestem a origem divina do cristianismo e de um conhecimento dos mesmos. Mas o acto de fé não é a conclusão de uma demonstração racional. Acto de fé é um mistério para o próprio crente, um mistério vivido por ele na decisão específica da fé: o crente sente que vive em comunhão de vida e diálogo pessoal com Deus. É o encontro do mistério do Absoluto como palavra e graça com o mistério do homem e como resposta e entrega de si mesmo” (Juan Alfaro, Revelación cristiana, fé e teologia).
1. Responda a estas perguntas:
a) Podemos afirmar, partindo deste texto, que a fé não precisa da razão? Porquê?
b) Significado da expressão: “o acto de fé não é a conclusão de uma demonstração racional”.
c) Defina “revelação” e “fé”, segundo este texto.
2. Compare este texto com a afirmação da Dei Verbum, 5: “Pela fé, o ser humano entrega-se total e livremente a Deus, e oferece-lhe a homenagem da sua inteligência e da sua vontade, concordando livremente com a sua revelação”.
UNIDADE DIDÁCTICA 2
Exercício 1
Defina os seguintes conceitos, usando expressões pessoais.
* Padres da Igreja
* Neoplatonismo
* Quaestio
* Teologia da Cruz
* Modernismo
Exercício 2
Exponha de forma sintética as características da teologia monástica e da teologia escolástica, referindo os seus principais representantes.
Exercício 3
Leia os seguintes textos do Vaticano II: Lumen gentium, 25; Dei Verbum, 2-4; Gaudium et Spes, 57,62; Christus Dominus, 13; Optatam totius, 15,16; Unitatis redintegratio, 10,11.
1. Realce ideia ou ideias que considere mais importantes em cada uma deles.
2. Assinale as alíneas ou pontos das Unidades Didácticas em que se encontram recolhidas, directa ou indirectamente, estas afirmações do II Concílio do Vaticano.
UNIDADE DIDÁCTICA 3
Exercício 1
Defina os seguintes conceitos, utilizando expressões pessoais:
* Canon
* Lugares teológicos
* Magistério
* Apologética
* Teologia Pastoral
Exercício 2
Exponha brevemente o significado de tradição apostólica e tradição eclesial.
Exercício 3
“A teologia é um serviço desinteressado que se presta à comunidade dos fiéis. Por isso, inclui como elementos essenciais o debate objectivo, o diálogo fraternal, a sinceridade e a disposição para a mudança de opiniões próprias.
O fiel tem direito a saber porque persevera na fé. A teologia deve mostrar ao ser humano onde tem o seu fundamento último. Por isso, recebeu a Igreja o espírito da verdade. O magistério existe para testemunhar a verdade da palavra de Deus, sobretudo quanto está ameaçada de deformações e mal-entendidos. Neste contexto, há que ter em conta, igualmente, a infalibilidade do magistério eclesial. A Igreja deve ser muito humilde e, por outro lado, estar certa de possuir aquela verdade, aquela doutrina sobre a fé e os costumes que recebeu de Cristo, o qual a dotou do dom da infalibilidade neste âmbito. É certo que a infalibilidade ocupa um lugar menos central na hierarquia das verdades, mas é, de certo modo, a chave dessa certeza com que se professa e se anuncia a fé, e também da vida e da conduta dos fiéis. Quando este princípio básico cambaleia ou é destruído, começam a dissolver-se as verdades mais elementares da nossa fé. O amor à Igreja concreta, que comporta a fidelidade ao testemunho de fé e ao magistério eclesial, não é impedimento para o labor do teólogo nem o priva em absoluto da sua autonomia irrenunciável” (João Paulo II, Discurso aos teólogos em Altötting, Alemanha, 18-11-1980).
1. Refira as ideias fundamentais do texto.
2. Responda a estas perguntas:
a) Que função atribui João Paulo II à infalibilidade?
b) Por que correm perigo as verdades da nossa fé ao pôr-se em questão a infalibilidade?
3. Relacione estas ideias com o que estudou sobre “magistério e teologia”
Exercício complexivo
1. Leia com atenção os números 92-108 da encíclica Fides et ratio e faça um breve resumo que recolha as ideias fundamentais.
2. Compare com o que aprendeu no manual.
Thursday, April 26, 2007
Conclusão sobre "Teologia"
1. O vocábulo “teologia” apareceu antes do que hoje entendemos por Teologia
2. A teologia, enquanto “intellectus fidei”, existiu durante séculos sem se lhe aplicar o temor Teologia.
3. Podemos dizer que o primeiro teólogo é Ireneu de Lião (140-202), porque expõe de modo sistemático uma teologia. É o "pais da ortodoxia cristão", o "pai da dogmática". Outros preferem o alexandrino Orígenes (185-251).
2. A teologia, enquanto “intellectus fidei”, existiu durante séculos sem se lhe aplicar o temor Teologia.
3. Podemos dizer que o primeiro teólogo é Ireneu de Lião (140-202), porque expõe de modo sistemático uma teologia. É o "pais da ortodoxia cristão", o "pai da dogmática". Outros preferem o alexandrino Orígenes (185-251).
14 notas sobre a aplicação do vocábulo "teologia" à disciplina
1. Teologia – termo grego para designar fenómeno não grego, a consciência bíblica da revelação divina em Jesus.
2. Platão deve ter sido o primeiro a usá-lo. Nele, não significava uma doutrina acerca de Deus, mas os mitos e as histórias dos deuses, criticamente julgados. República, II, 379a.
3. Aristóteles. Teologia = doutrina filosófica de Deus, na linha do que poderíamos entender por reflexão metafísica sobre o ser: Filosofia primeira – metafísica – ontologia. Doutrina acerca de Deus como motor imóvel (Metafísica).
4. Estóicos: parte da filosofia interessada em lançar ponte em direcção ao fenómeno da tradição religiosa; existência pregoeiros (theologein) que lembram do dever do Estado de honrar os deuses.
5. No neoplatonismo o temo é aplicado na área da filosofia (excepto em Plotino).
6. O termo está ausente da Bíblia. Na verdade, podemos dizer que a Teologia nasce quando a fé hebraica se encontra com o logos grego.
7. Os apologistas são os primeiros cristãos a fazerem uso do termo. Teologia tem o sentido de doutrina mítica, oposta à verdadeira filosofia. Até ao séc. IV, o uso do termo para significar a doutrina filosófica de Deus é irrelevante.
8. Em Eusébio de Cesareia (263-339), o termo aparece como sinal da vitória da Igreja sobre o paganismo.
9. Séc. IV e V, a ortodoxia trinitária a cristológica apropria-se do termo para significar a doutrina acerca de Deus, em oposição à “economia” (teologia - teoria; economia - prática e história).
10. No Ocidente, o termo continua a ser aplicado aos poetas míticos. Sentido não cristão. Ex.: Agostinho (354-430): “Pela mesma época [a dos Juízes, na Bíblia], apareceram [em Roma] poetas, também conhecidos por teólogos porque compuseram poemas acerca dos deuses. Mas esse deuses, embora tenham sido grandes homens, mais não eram do que homens, ou elementos deste mundo criado pelo verdadeiro Deus...” (“A cidade de Deus”, Livro XVIII, cap. 14).
11. Mas o mesmo Agostinho já lhe dá outro uso: “Nesta obra não pretendo refutar todas as opiniões de todos os filósofos, mas penas as que se referem à teologia, palavra grega com que queremos significar o pensamento ou palavra acerca da divindade...” (“A cidade de Deus”, Livro VIII, cap. 1).
12. Severino Boécio (480-524) propõe uma apresentação tripla das ciências teoréticas, culminando na teologia filosófica (gramática, retórica e dialéctica – “trivio”; havia também o “quatrivio”: aritmética, geometria, astronomia e música).
13. Em Abelardo (1079-1142) encontramos sinais da passagem do entendimento da teologia como doutrina sobre Deus para uma significação mais precisa de ciência teológica.
14. As designações de “facultas theologica” e de teologia como “scientia” devem-se à Universidade de Paris, no início do séc. XIII. Tomás (menos) e Boaventura (mais) usam os termos.
2. Platão deve ter sido o primeiro a usá-lo. Nele, não significava uma doutrina acerca de Deus, mas os mitos e as histórias dos deuses, criticamente julgados. República, II, 379a.
3. Aristóteles. Teologia = doutrina filosófica de Deus, na linha do que poderíamos entender por reflexão metafísica sobre o ser: Filosofia primeira – metafísica – ontologia. Doutrina acerca de Deus como motor imóvel (Metafísica).
4. Estóicos: parte da filosofia interessada em lançar ponte em direcção ao fenómeno da tradição religiosa; existência pregoeiros (theologein) que lembram do dever do Estado de honrar os deuses.
5. No neoplatonismo o temo é aplicado na área da filosofia (excepto em Plotino).
6. O termo está ausente da Bíblia. Na verdade, podemos dizer que a Teologia nasce quando a fé hebraica se encontra com o logos grego.
7. Os apologistas são os primeiros cristãos a fazerem uso do termo. Teologia tem o sentido de doutrina mítica, oposta à verdadeira filosofia. Até ao séc. IV, o uso do termo para significar a doutrina filosófica de Deus é irrelevante.
8. Em Eusébio de Cesareia (263-339), o termo aparece como sinal da vitória da Igreja sobre o paganismo.
9. Séc. IV e V, a ortodoxia trinitária a cristológica apropria-se do termo para significar a doutrina acerca de Deus, em oposição à “economia” (teologia - teoria; economia - prática e história).
10. No Ocidente, o termo continua a ser aplicado aos poetas míticos. Sentido não cristão. Ex.: Agostinho (354-430): “Pela mesma época [a dos Juízes, na Bíblia], apareceram [em Roma] poetas, também conhecidos por teólogos porque compuseram poemas acerca dos deuses. Mas esse deuses, embora tenham sido grandes homens, mais não eram do que homens, ou elementos deste mundo criado pelo verdadeiro Deus...” (“A cidade de Deus”, Livro XVIII, cap. 14).
11. Mas o mesmo Agostinho já lhe dá outro uso: “Nesta obra não pretendo refutar todas as opiniões de todos os filósofos, mas penas as que se referem à teologia, palavra grega com que queremos significar o pensamento ou palavra acerca da divindade...” (“A cidade de Deus”, Livro VIII, cap. 1).
12. Severino Boécio (480-524) propõe uma apresentação tripla das ciências teoréticas, culminando na teologia filosófica (gramática, retórica e dialéctica – “trivio”; havia também o “quatrivio”: aritmética, geometria, astronomia e música).
13. Em Abelardo (1079-1142) encontramos sinais da passagem do entendimento da teologia como doutrina sobre Deus para uma significação mais precisa de ciência teológica.
14. As designações de “facultas theologica” e de teologia como “scientia” devem-se à Universidade de Paris, no início do séc. XIII. Tomás (menos) e Boaventura (mais) usam os termos.
Bento XVI: A função da Teologia é, antes de tudo, perguntar
Afirmações de Bento XVI, no dia 21 de Março de 2007, ao receber uma delegação da faculdade de Teologia da Universidade de Tubinga (Alemanha), onde foi professor de teologia dogmática de 1966 a 1969:
“Só se propusermos interrogações e se com as nossas perguntas formos radicais, tão radicais como a Teologia tem de ser, muito além de toda a especialização, podemos obter respostas a essas perguntas fundamentais que afectam a todos. Antes de tudo, temos de propor perguntas.”
“Mas, no caso da teologia, além da valentia para apresentar perguntas, requer-se também a humildade para escutar as respostas que nos dá a fé cristã, a humildade para perceber nestas respostas o seu carácter racional e para torná-las desse modo acessíveis ao nosso tempo e a nós mesmos”.
“Só se propusermos interrogações e se com as nossas perguntas formos radicais, tão radicais como a Teologia tem de ser, muito além de toda a especialização, podemos obter respostas a essas perguntas fundamentais que afectam a todos. Antes de tudo, temos de propor perguntas.”
“Mas, no caso da teologia, além da valentia para apresentar perguntas, requer-se também a humildade para escutar as respostas que nos dá a fé cristã, a humildade para perceber nestas respostas o seu carácter racional e para torná-las desse modo acessíveis ao nosso tempo e a nós mesmos”.
Crítica de Nietzsche aos filósofos (e aos teólogos)
"A religião, dizia Hegel, é a verdade em imagens. O mesmo pode dizer-se da teologia, e muito especialmente numa época como a actual, caracterizada pelo pluralismo cultural e a fragmentariedade da verdade. Um texto de Nietzsche revela-se muito clarificador em relação a isso: “O que é, então, a verdade? Uma hoste ambulante de metáforas, metonímias e antropomorfismos” (“O Livro do Filósofo”). Os filósofos, crê Nietzsche, são “idólatras dos conceitos”, manejam “múmias conceptuais” e enganam-nos acerca do “mundo verdadeiro”. Incorrem com frequência no fideísmo da verdade, que consiste em confundir a verdade com a “sua fé”. Consequentemente, mais do que defender a verdade, o que fazem é impor as suas próprias crenças. O filósofo alemão ridiculariza dizendo que se oferecem em “holocausto pela verdade”, quando na realidade são comediantes de feira (“Crepúsculo dos ídolos”). A concepção nietzscheana da verdade e a sua crítica dos filósofos como idólatras conceptuais é extensível aos teólogos".
Juan José Tamayo, in "Nuevo paradigma teológico", 15
Juan José Tamayo, in "Nuevo paradigma teológico", 15
Friday, April 20, 2007
Cuidado com os saberes estéreis
“Que tipo de saber é a teologia? William Temple, antigo arcebispo anglicano [de Cantuária, 1942-44], deu do teólogo uma definição mordaz e sarcástica: é uma pessoa muito sensata e sisuda que passa toda uma vida encerrada entre livros e tentando dar respostas exactíssimas e precisas às perguntas que ninguém coloca. Tal ideia corresponde à do teólogo que, segundo a cena imaginada pelo filósofo dinamarquês Soren Kierkgaard, se apresenta diante do tribunal das acções humanas, no juízo final. Deus pergunta-lhe se se tinha preocupado, antes de mais, com o reino de Deus e em ajudar os seus irmãos. O professor teve que responder negativamente. Mas, de seguida, matizou que sabia como de dizia este versículo da Bíblia em nove idiomas. O anjo da trombeta que estava ao lado de Deus enfureceu-se e gritou ao teólogo: “Historietas!” E deu-lhe uma bofetada que o atirou para longe do tribunal”.
Juan José Tamayo, in Nuevo paradigma teológico, 21
Juan José Tamayo, in Nuevo paradigma teológico, 21
O animal inteligente
"Julgas-te muito conhecedor e deixas que os outros te considerem como tal, deleitas-te com os teus próprios livrinhos, teorias, ou escritos, como se tivesses feito uma grande coisa, ou pregado excelentemente.
Também te agrada muito que os outros te façam lisonjas em público, talvez seja esse o teu maior desejo, de contrário ficarias contristado, ou declinarias o elogio. Se é esta a tua maneira de proceder, mais vale deitares as mãos à cabeça. E com proveito! Encontrarás um lindo par de orelhas de burro, grandes, compridas! Aproveita a oportunidade: enfeita-as com guizos dourados, de forma a que toda a gente te possa ouvir onde quer que vás.
Todos apontarão para ti, dizendo: “Olhai, olhai, ali vai o animal inteligente, que escreve livros importantes e que faz lindas pregações”. Então, sim, serás ditoso, serás bem-aventurado no Reino dos Céus. Sim, nessa altura já o fogo do inferno está pronto para o diabo e para os seus anjos. "
Lutero, 1539
Também te agrada muito que os outros te façam lisonjas em público, talvez seja esse o teu maior desejo, de contrário ficarias contristado, ou declinarias o elogio. Se é esta a tua maneira de proceder, mais vale deitares as mãos à cabeça. E com proveito! Encontrarás um lindo par de orelhas de burro, grandes, compridas! Aproveita a oportunidade: enfeita-as com guizos dourados, de forma a que toda a gente te possa ouvir onde quer que vás.
Todos apontarão para ti, dizendo: “Olhai, olhai, ali vai o animal inteligente, que escreve livros importantes e que faz lindas pregações”. Então, sim, serás ditoso, serás bem-aventurado no Reino dos Céus. Sim, nessa altura já o fogo do inferno está pronto para o diabo e para os seus anjos. "
Lutero, 1539
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